
Com mais de 55 milhões de votos válidos, a candidata do PT, Dilma Rousseff, entrou para a história, sendo eleita, ontem, a primeira presidente mulher do Brasil. Indicada para ser a sucessora do presidente Lula, em seu primeiro pronunciamento oficial, sem conter as lágrimas, agradeceu a todos que a levaram à vitória. “Queria agradecer aos que estão aqui presente nesta noite que para mim é uma noite completamente especial.
A minha eleição demonstra o avanço democrático do País, porque pela primeira vez uma mulher governará o País”, comemorou, relembrando o seu primeiro compromisso de campanha: “honrar as mulheres brasileiras para que esse fato, até hoje inédito, se transforme num fenômeno natural. Os pais e as mães das meninas devem olhar hoje nos olho delas e dizer sim, a mulher pode. Afinal, a igualdade de oportunidade entre homens e mulheres é um princípio essencial da democracia”.
Dilma prometeu ainda respeitar a Constituição. “Vou zelar pela mais ampla liberdade de imprensa e pela mais ampla liberdade de culto”. A eleita também destacou as realizações do governo Lula e falou de sua campanha. “O que mais me deu confiança e esperança, ao mesmo tempo, foi a capacidade imensa do nosso povo de agarrar uma oportunidade, por menor que seja, para com ela construir mundo melhor.
Ao fim do discurso, a presidente eleita agradeceu aos aliados, adversários, eleitores e à imprensa. No entanto, emocionada, destacou o papel fundamental do presidente Lula, seu maior cabo eleitoral. “Meu agradecimento por ele (Lula) é especial. Baterei muito à sua porta e tenho certeza e confiança que a encontrarei sempre aberta”, afirmou Dilma, contando com o reforço da plateia de aliados que entoaram: “Olê, olê, olé, olá, Lula, Lula”.
Lula participou de vários comícios e declarou repetidamente o apoio à candidata, o que, inclusive, lhe rendeu multas por propaganda eleitoral antecipada. Antes da deflagração da campanha, o presidente também se empenhou em montar uma grande aliança política, que, além da adesão de aliados históricos do PT, como PSB e PC do B, incluiu o PMDB, um dos maiores partidos do país.
O PMDB indicou o vice de Dilma, o deputado federal Michel Temer, presidente da Câmara. Nos últimos dias da campanha do primeiro turno, Lula chegou a dizer que esteve em mais eventos do que quando ele próprio foi candidato e disputou a reeleição, em 2006. No segundo turno, a aliança contava com 11 partidos: PT, PMDB, PCdoB, PR, PDT, PRB, PSC, PSB, PTC,PTN e PP, o último a anunciar apoio.
Vitória é creditada a Lula
Por fim, Dilma creditou toda sua vitória ao presidente Lula, seu maior cabo eleitoral, e contou com reforço dos companheiros petistas que entoaram “olé, olé, olé, olá, Lula”. Ao mencionar o trabalho que a espera, a vencedora do pleito ressaltou que reconhece o “dever de dar continuidade ao desenvolvimento, principalmente o econômico, começado pelo presidente Lula, com quem aprendi muito nos anos de convivência. A tarefa de sucedê-lo é difícil, mas tentarei honrá-la”.
Antes, em entrevista dentro do carro que a levou de sua casa para o hotel em Brasília, Dilma afirmou estar “muito feliz”. “É uma sensação de muita força e muita alegria. Estou muito feliz e agradeço aos brasileiros e brasileiras por esse momento.”
Durante a apuração, Dilma estava acompanhada do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci, um dos coordenadores da campanha petista; do presidente do PT, José Eduardo Dutra; do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT); do governador reeleito, Jaques Wagner (PT), e sua mulher, Fátima Mendonça. Dilma obteve 55% dos votos válidos, enquanto Serra 44%. A abstenção foi de 21,44%. (FC)
Trajetória política é destaque
Ex-ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, Dilma foi alçada já em 2008 à condição de candidata pelo presidente Lula, que começou então a dar as primeiras indicações de que gostaria de ver uma mulher ocupando o posto mais importante da República. Com a reeleição de Lula e sem grandes rivais à altura no PT, Dilma tornou-se, depois do presidente, o grande nome do governo.
Apesar do poder acumulado e do protagonismo que passou a exercer ao lado de Lula, até outubro de 2007 Dilma negava que seria candidata. Em 31 de março deste ano, Dilma deixou a Casa Civil para entrar na pré-campanha.
Cresceu nas pesquisas e chegou a ter mais de 50% dos votos válidos em todas elas, mas começou a oscilar negativamente dias antes do primeiro turno, após a revelação dos escândalos de corrupção na Casa Civil e da entrada do tema do aborto na campanha.
Logo no primeiro debate do segundo turno, reagiu aos ataques que vinha sofrendo e contra-atacou Serra. A partir daquele momento, a diferença entre os dois candidatos nas pesquisas parou de cair.
Dilma Rousseff, 62 anos, nasceu no dia 14 de dezembro de 1947 em Belo Horizonte, capital mineira. Oriunda de uma família de classe média, a nova presidente do país é filha de pai búlgaro e de mãe brasileira. É divorciada, tem uma filha, Paula, e, durante a campanha eleitoral, ganhou seu primeiro neto, Gabriel. (FC)
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