Após disputa embolada – todas as pesquisas indicavam empate técnico – , o resultado para o Senado na Bahia acabou por surpreender e configurar vitória triunfal do governador Jaques Wagner (PT), deixando a oposição a “ver navios” de forma literal. Os dois candidatos de sua chapa, o petista Walter Pinheiro (30,99%) e a socialista Lídice da Mata (28,9%), ganharam com folga a corrida para a senatoria. Enquanto isso, o senador César Borges, maior esperança do bloco oposicionista, que chegou a apostar no voto útil, ficou em terceiro lugar, com 13,51% dos votos válidos.
A derrota, inevitavelmente, desestrutura as principais forças contrárias no estado, acostumadas a reinar soberanamente nas últimas duas décadas, sob o comando do ex-senador Antonio Carlos Magalhães.
Ao ser questionado sobre a derrota do republicano, que por pouco não se tornou seu aliado, Wagner minimizou. “Nunca nego. Fiz o convite e o convite não foi aceito por ele. No entanto, Deus me premiou com os dois senadores e com o meu vice (o também ex-carlista Otto Alencar), que me orgulho muito por tê-lo ao meu lado. Otto se envolveu e foi buscar os seus aliados para fortalecer o nosso caminho. Hora nenhuma ficou alheio ao nosso projeto”.
Consolidação do projeto
As vitórias, segundo Wagner, tratam-se da consolidação de um projeto político hegemônico. “Acredito que uma nova hegemonia foi consolidada. Uma hegemonia, entretanto, que não é minha. Seria muita vaidade da minha parte”, disse. Por fim, estocando os adversários de forma indireta, disparou que “vaidade individual não é um defeito, mas não pode ser maior que a vaidade de um projeto coletivo”.
“Nós mostramos que sabemos trabalhar, que temos competência e a aprovação do povo reflete o que dizemos. Implantamos um modelo de gestão voltado para a inclusão social, para redistribuição de renda e geração de emprego”, comemorou Pinheiro.
Sobre as inovações que pretende implementar na Câmara Alta, declarou que “é preciso desconcentrar a produção de cultura, estabelecer o marco regulatório da comunicação, cuja legislação está defasada. Mas isso não significa mexer na Cláusula Pétrea de nossa Constituição que é a liberdade de expressão e de imprensa das quais sempre fomos defensores”, destacou. (FC)
César diz que culpa é de Lula
Assim como Geddel, candidato a governador da sua coligação, o senador César Borges (PR) atribuiu a sua derrota ao abandono por parte do presidente Lula e sua pupila, Dilma Rousseff, ao palanque de Geddel no estado. Ele acusou ainda o governo Wagner de assediar adversários para catequizá-los.
“O PR já era um partido que sofria assédio do governo quando eu entrei. O governo procura cooptar prefeitos e deputados a todo instante. É lamentável, mas o processo político ainda passa por essas coisas”, criticou.
Sobre seu futuro político, disse que aguardará a definição do partido para definir o seu direcionamento a partir de 2011. “A vida continua. Vamos seguir conversando. Consultarei o meu partido e vamos buscar um alinhamento nacional”. Contudo, Wagner fez questão de frisar que, no âmbito estadual, continuará fazendo oposição ao governador reeleito.
“O PR já era um partido que sofria assédio do governo quando eu entrei. O governo procura cooptar prefeitos e deputados a todo instante. É lamentável, mas o processo político ainda passa por essas coisas”, criticou.
Sobre seu futuro político, disse que aguardará a definição do partido para definir o seu direcionamento a partir de 2011. “A vida continua. Vamos seguir conversando. Consultarei o meu partido e vamos buscar um alinhamento nacional”. Contudo, Wagner fez questão de frisar que, no âmbito estadual, continuará fazendo oposição ao governador reeleito.
O outro candidato ao Senado da coligação “A Bahia tem Pressa”, Edvaldo Brito, também lamentou a interferência do governo federal no estado, e atribuiu sua derrota a uma inadequação de perfil.
Segundo ele, os eleitos Walter Pinheiro (PT) e Lídice da Mata (PSB) são “deputados respeitáveis”, embora tenha reclamado da forma como conquistaram o pleito. “Imagino que era nesse perfil que o povo baiano se sentia representado.
A diretriz assistencialista do governo federal foi muito impactante. O povo está voltado para este modelo. Eu lamento”, declarou. Sobre o seu posicionamento para a próxima gestão, Brito retomará o posto de vice-prefeito de Salvador, mas reiterou que “serei sempre oposição”. (FC)
Lídice credita vitória a trabalho de Wagner
A senadora Lídice da Mata afirmou que a vitória da dupla foi resultado de um forte trabalho do governador e de organização dos partidos da base aliada. Para ela, a chapa conseguiu agregar e, a partir de agora, a Bahia chega a Brasília com três senadores veiculados ao mesmo projeto político. “Acho que optamos por uma estratégia que fortalece esse projeto e que foi bastante apertado”, afirmou a senadora.
Lídice ressaltou ainda que a chegada de Otto Alencar, vice-governador vitorioso da coligação, foi fundamental porque ele trabalhou no interior do estado para atração de novos aliados. “Ele trouxe representação para a chapa e aliados que não conheciam nosso projeto”, explicou. Além disso, para a socialista, o governador Jaques Wagner mostrou capacidade de liderança e acerto na estratégia política.
“A nossa opção de projeto enfrentou dificuldades, mais no fim se mostrou acertada”, finalizou, complementando que será a senadora da educação. “Vou levantar a bandeira dos professores e da cultura”.
O coordenador da campanha de Jaques Wagner (PT) ao governo do Estado e prefeito de Camaçari, Luiz Caetano (PT), por sua vez, não perdeu a oportunidade de cutucar Borges. “Ele (Borges) teve oportunidade de vir para o nosso lado e não veio”, ironizou.
Caetano frisou ainda que os adversários subestimaram a inteligência das pessoas: “Será que eles pensam que o eleitor é burro? Eu digo a eles que o eleitor é mais inteligente do que eles pensam. Não existe voto útil em derrotados”.
Ele lembrou, também, que há dois meses vem ressaltando a tendência de crescimento de Lídice e Pinheiro. “As urnas agora mostraram quem são os senadores da Bahia, que vão ajudar Dilma e Wagner a governar”.
O vice de Wagner, Otto Alencar, um dos mais atacados durante toda a campanha pela oposição, assim como Wagner, preferiu conter os ânimos. De acordo com ele, “todos estão muito felizes. Até porque o governador ganhou muito bem, emplacando dois senadores.
Esta era a realidade que víamos nas ruas, o que nos faz lamentar os resultados dos institutos de pesquisas que dava empate técnico entre três postulantes. Não posso considerar que não foi direcionado. Deveria existir uma lei que puna essas condutas”, disparou.
Sobre as brigas que travou com Borges durante o processo eleitoral – o PR do senador chegou a mover um processo para cassar seu mandato –, Otto atribuiu todo o desgaste ao desespero dos adversários. “Não vou utilizar a vitória para atacar. O juízo político quem faz é o povo”. (FC)
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